
Autismo e Identificação
21 de maio de 2025
Creatina e cognição
28 de maio de 2025Risco de desenvolver transtornos relacionados persiste até a meia-idade
Um estudo holandês pioneiro acompanhou por 22 anos uma coorte de 100 indivíduos filhos de pais com transtorno bipolar e revelou importantes achados sobre os riscos ao longo da vida para desenvolver transtornos psiquiátricos.
Os resultados mostram que o risco de desenvolver transtorno bipolar atinge seu pico na adolescência e início da vida adulta, estabilizando-se após os 30 anos — nenhum novo caso de bipolaridade surgiu após esse período. No entanto, o risco de desenvolver outros transtornos de humor, especialmente depressão maior, permanece elevado até a meia-idade.
Principais achados:
- Prevalência de transtorno bipolar entre os filhos: 11% (maioria dos casos com início antes dos 30 anos).
- Transtornos de humor em geral: 65% apresentaram algum ao longo da vida, sendo 37% com episódios recorrentes.
- A prevalência de depressão maior mais do que dobrou entre os 28 e os 38 anos, passando de 17% para 36%.
- Comorbidades foram frequentes: 46% com ansiedade, 23% com uso de substâncias.
- A maioria dos participantes com transtornos graves teve sinais mais leves anos antes do diagnóstico, reforçando a importância da detecção precoce.
- Apesar da alta incidência de psicopatologia, o funcionamento global da maioria era satisfatório, com bom nível educacional, ocupacional e de renda.
O estudo destaca que o “risco homotípico” (ou seja, desenvolver o mesmo transtorno dos pais — o transtorno bipolar) se concentra na juventude, enquanto o “risco heterotípico” (para outros transtornos de humor) persiste ao longo da vida. Isso reforça a importância da vigilância contínua e de estratégias preventivas mesmo após a adolescência.
Implicações clínicas
Esse estudo oferece dados robustos para orientar a prática clínica no acompanhamento de filhos de pacientes bipolares. A identificação precoce de sinais leves, como distúrbios de humor subclínicos ou ansiedade na infância e adolescência, pode ser crucial para prevenir o agravamento e promover intervenções mais eficazes.